Dia Mundial Sem Tabaco: três fatores que aumentam o risco da Covid19 para os fumantes

O Dia Mundial Sem Tabaco, neste domingo, 31 de maio, tem como diferencial em relação a anos anteriores trazer um tema atual com que os fumantes devem se preocupar: o coronavírus. A data foi criada em 1987 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e, no Brasil, suas ações são coordenadas pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão ligado ao Ministério da Saúde. De acordo com divulgação do Inca, o tema da campanha neste ano é "Tabagismo e coronavírus (Covid-19)".

O Inca destaca em seu site que o ato de fumar, por levar a constante contado dos dedos (e cigarros sujeitos a contaminação) com lábios, aumenta a possibilidade de transmissão do vírus para a boca. O Instituto salienta, ainda, que o tabaco causa diferentes tipos de inflamação e prejudica os mecanismos de defesa do organismo, o que torna os fumantes mais vulneráveis a infecções por vírus, bactérias e fungos. E, os fumantes são acometidos com maior frequência de infecções como sinusites, traqueobronquites, pneumonias e tuberculose.

Debate. Entre as atividades apoiadas pelo Inca para divulgar o Dia Mundial Sem Tabaco, foi realizado um debate, promovido pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS), com a participação da professora da Universidade da Califórnia Stella Bialous e do presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT) Fred Fernandes. Um dos principais focos do debate foi a relação entre a Covid19 e o tabagismo, mas também foram tratados temas como as políticas públicas antitabagistas e a pressão da indústria do tabaco contra o endurecimento da legislação contra o fumo.

Fernandes destacou uma informação preocupante. Segundo ele, houve aumento do consumo de cigarros na época da pandemia. O especialista atribuiu o fato à fake news divulgadas através da internet que diziam que o consumo de cigarro não tinha qualquer relação com a Covid19. Além de apontar três motivos para os fumantes estarem mais vulneráveis à doença, o presidente da SPPT divulgou números de estudos que mostram que os fumantes têm risco 45% maior de complicações pela Covid19 do que quem não fuma e risco de morte 38% maior do que não fumantes.

Coronavírus e o tabagismo. Veja abaixo os três motivos citados por Fernandes como fatores que fazem os fumantes serem mais vulneráveis ao coronavírus.

1) Células âncoras - quando o fumante inala a fumaça, o pulmão produz muco para impedir que as substâncias tóxicas cheguem aos brônquios. O muco é composto por uma célula chamada caliciforme, que começa a se reproduzir mais para proteger o pulmão. Nessa célula há um receptor que serve de âncora para o coronavírus - o vírus gruda nesse receptor, permitindo que a infecção vá mais fundo no pulmão.

2) Menor capacidade pulmonar - o fumante tem capacidade pulmonar menor. Quando ocorre a pneumonia viral, os "pedacinhos" de pulmão acometidos pelo vírus vão fazer mais falta para que fuma do que para quem não fuma. Isso provoca uma oxigenação pior, fazendo com que seja necessário que esse paciente seja submetido a mais ventilação mecânica e fique mais tempo na UTI.

3) Formação de coágulos - No cigarro há substâncias que aumentam a coagulação - a formação de coágulos no corpo. A infecção pelo coronavírus tem como uma das suas principais complicações o aumento de embolias (doença em que artérias pulmonares ficam bloqueadas por um coágulo sanguíneo) e tromboses (quando há coagulação de sangue no interior do vaso sanguíneo). E a Covid19 é uma doença que aumenta a coagulação. No indivíduo que fuma, o risco se multiplica.

Veja abaixo o debate promovido pela OPAS e apoiado pelo Inca na íntegra:

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